quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Ramón de Carranza, o Troféu dos Troféus

Ramón de Carranza nunca foi a nossa "menina dos olhos", não foi o principal campeonato que disputamos, jamais será a nossa maior conquista. Mas foi com esse torneio pouco badalado que conquistamos em definitivo, no passaporte que adquirimos em 1951, o visto de permanência no e na história do futebol europeu/mundial.
O torneio foi idealizado em 1955 entre os então, presidente do Cadiz F.C. e o prefeito da cidade. Ramón de Carranza é o nome do pai do então mandatário da cidade espanhola.
Inicialmente serviria para festejar a inauguração do estádio do time espanhol. Com a empolgação da primeira edição foi decidido continuar com o torneio, chamando grandes clubes que se destacavam pelo Mundo. Foi um sucesso até o final da década de 70, depois caiu no ostracismo. Hoje é mais um dentre vários torneios de verão pela Europa.
Nossa primeira participação foi em 1969, e já veio com título. Foi a primeira vez que o "Troféu dos Troféus" veio para a América. O quadrangular contou com Palmeiras, Real Madrid, Estudiantes de la Plata e Atletico de Madrid. O detalhe da conquista é que fomos com a nossa Primeira Academia, a reserva.
No dia 30 de agosto, o Palmeiras entrou em campo para enfrentar o Atletico de Madrid com: Chicão; Eurico, Baldochi, Minuca e Dé; Zé Carlos e Ademir da Guia; Copeu, Jaime, Cardoso e Serginho (César); o técnico era Rubens Minelli.
Saímos na frente com Cardoso, logo aos 8 minutos do primeiro tempo, mas aos 5 do segundo, Garate empatou para os espanhóis. A disputa foi para os pênaltis, Palmeiras 3, Atlético de Madrid 2.
A final foi no dia seguinte contra o temido Real Madrid. Temido? HA-HA-HA. O mesmo time que jogou no dia anterior entrou em campo, Rubens Minelli só alterou as substituições durante a partida. Dessa vez ele tiraria Cardoso e colocaria César; e Dudu substituiria Serginho.
Por incrível que pareça, tivemos mais facilidade em derrotar o Real do que o Atlético. Zé Carlos aos 10 do primeiro e Dé aos 22 dos segundo tempo marcaram os gols do nosso primeiro Ramón de Carranza.
Voltamos a participar em 1974, dessa vez contra Español, Barcelona e Santos. A Segunda Academia foi completa em busca do bicampeonato.
No dia 31 de agosto, Osvaldo Brandão entrou em campo para enfrentar o Barcelona com: Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu (Edson) e Ademir da Guia; Ronaldo, Leivinha, César e Toninho Vanuza (Edu). E mais uma vez não demos chance a um grande espanhol. Dois a zero, gols de Leivinha aos 14 e Ronaldo aos 30 do segundo tempo. Segunda participação, segunda final.
No dia seguinte, o time de Brandão foi Leão; Eurico, Luiz Pereira, Alfredo, Zeca; Édson e Ademir da Guia; Ronaldo (Fedato) Leivinha, César e Toninho Vanuza (Edu). A partida foi mais disputada que a "semifinal" contra o Barça. O adversário foi o Español que havia eliminado o Santos. Leivinha logo marcou aos 21 do primeiro tempo, logo depois aos 27 José Maria empatou, mas aos 36 do segundo tempo Luís Pereira marcou o gol do bicampeonato.
1975, o ano de realmente defender o taça. Disputamos contra Real Madrid, Dínamo Moscou e Real Zaragoza. Esse Ramón de Carranza poderia ter mudado de nome depois de edição. Poderia passar a se chamar "Ademir da Guia", o Divino foi o grande nome do torneio.
Dino Sani entrou com em campo no dia 30 de agosto com: Leão; Eurico, Arouca, Alfredo e Jorge Tabajara; Didi e Ademir da Guia; Edu (Fedato), Zé Mário, Itamar (Mário) e Nei. O adversário era o Real Zaragoza, 1 x 0 magro pra nós, gol dele, Ademir da Guia, aos 5 do segundo tempo.
O adversário da final foi um velho conhecido, um velho freguês, aquele em que conquistamos nosso primeiro Carranza. O time da final foi: Leão; Eurico, Luiz Pereira, Arouca e João Carlos; Édson (Didi) e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, Mário (Itamar) e Nei. O primeiro tempo terminou 0 x 0. O segundo foi um massacre alviverde, logo aos 9 Edu abriu o placar, e aos 16 e 20 minutos Itamar praticamente deu o nosso tricampenato, Breitner diminuiu para os madrilenos só aos 42 minutos. Real Madrid, o nosso melhor freguês europeu.
Paramos aí, no tricampeonato. Disputamos ainda em 1976 quando ficamos em terceiro, em 1981 fomos o lanterna do torneio e 1993 fomos vice perdendo para os donos da casa, o Cadiz.
Palmeiras e Vasco são os clubes brasileiros recordistas de títulos do Carranza. Vencemos em 1969, 1974 e 1975. Vasco em 1987, 88 e 89.
O maior campeão geral é o Atletico de Madrid, com oito conquistas: 1968, 1976, 1977, 1978, 1991, 1995, 1997, 2003.
Dentre os principais clubes do Mundo que participaram do torneio, além de Barcelona e Real Madrid, são destacados, Milan, River Plate, Inter de Milão, Lazio, Boca Juniors, Benfica, PSV e Peñarol.
Os outros clubes brasileiros que disputaram o Carranza foram: Flamengo, Gambás, Botafogo, Grêmio, Bambis e Atlético Mineiro. Dentre esses Flamengo venceu em 1979 e 80, Atlético Mineiro em 1990, Gambás em 1996 e Bambis em 1992.

TROFÉU RAMÓN DE CARRANZA, O TROFÉU DOS TROFÉUS.