quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Divino Ademir da Guia


O menino Ademir da Guia, nascido em 03 de abril de 1942, no Rio Janeiro, até os 10 anos só pensava em piscina. Amigos do pai, do Divino Domingos da Guia, já se preocupavam, diziam que o loirinho sarará não vingaria no futebol. Ao contrário do pai que acabava de encerrar a carreira e dos tios Luís Antônio, Landislau e Mamédio. Tinham como dada a saga dos da Guia terminada ali, com aquele menino que ganhava troféus pelo Bangu Atlético Clube, mas na piscina. Tolos. Só foi preciso algumas peladas na rua para que fosse chamado a fazer parte do Céres (RJ). Depois passou pelo Bangu, juvenil do Botafogo e retornou ao Bangu. Nessa altura, a piscina era passado. O presente e o futuro era o futebol.

O filho de Domingos, que já mostrava elegância, toque refinado de bola, visão de jogo, bom posicionamento, senso de equipe e extrema lealdade foi oferecido ao Santos, mas graças a Deus, por divergências salariais não virou santista.

O rebento do Divino Mestre, chegou ao Palmeiras em 1962, e já herdou o apelido do pai. Eternizou a alcunha, se eternizou, foi maestro, fez história nas duas Academias, foi e é herói, Rei, o nosso Rei. Nem Pelé, aquele que dizem ser o “Rei”, vestiria o manto verde tão bem quanto Ademir da Guia. O nosso maior de todos. O Pelé branco.

O maior injustiçado do futebol brasileiro, sua arte nunca teve o reconhecimento merecido na Seleção Brasileira. Fez apenas 12 jogos e não marcou nenhum gol. Despediu-se da Seleção na derrota para a Polônia na disputa do terceiro lugar na Copa da Alemanha de 1974, foi substituído no intervalo. Um pecado, um erro, um tapa na cara do bom futebol.

No Palmeiras, onde tem e teve o reconhecimento que lhe faltou na Seleção. Conquistou 17 títulos, é o nosso maior campeão da história. Defendeu o clube em 903 partidas, é o nosso recordista de jogos. Fez 157 gols, é o terceiro maior artilheiro da história do clube. Ídolo incontestável. O maior ídolo da nossa história.

Os títulos:
5 Campeonato Paulista: 1963, 1966, 1972, 1974 e 1976. 1 Torneio Rio-São Paulo: 1965. 1 Torneio IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro: 1965. 1 Taça Brasil: 1967. 2 Torneio Roberto Gomes Pedrosa: 1967 e 1969. 3 Troféu Ramón de Carranza (Espanha): 1969, 1974 e 1975. 1 Torneio Laudo Natel: 1972. 1 Torneio Mar del Plata (Argentina): 1972.

Nos deu inúmeras alegrias, jogos épicos, jogadas memoráveis, dezenas de títulos, centenas de gols. Mas em 1975, nos deu o sinal que não dava mais. Em Manaus, sentiu uma crise de falta de ar, seguidos de outros. No ano seguinte, recebeu proposta do Corinthians, uma piada, a melhor de 1976. Em 1977, no intervalo de um jogo contra a gambazada pediu para sair. Só voltaria a vestir o manto em 1984, num jogo de despedida.


Frases dele e sobre ele:

"Ademir da Guia, tens o nome, o sobrenome e a bola do craque". - Armando Nogueira, Jornalista e Cronista Esportivo.


"A gente brincava de 'bobinho' nos treinos e tentava fazer o Ademir ir para o meio. Todo mundo tocava para ele com efeito, mas não tinha jeito. Do jeito que a bola viesse ele dominava. Eu não me lembro de uma única vez em que o Ademir tenha ido para o meio da roda." - Leivinha


"Sem Ademir da Guia o Palmeiras é menos Palmeiras" - Treinador Rubens Minelli ainda nos anos 60.


"O preço que vocês pagaram não é o que vale só uma das pernas dele!" - Freitas Solich, técnico do Flamengo, em 1961, dirigindo-se a um dos diretores do Palmeiras, que acabara de comprar Ademir da Guia do Bangu.


"Ele está jogando demais. É para o Palmeiras o que o Pelé é para o Santos. Quem ganhou do Fluminense não foi o Palmeiras, foi o Ademir da Guia". - Zagallo, em 1971, sobre a derrota do Fluminense para o Palmeiras na Copa Libertadores daquele ano.


"Quando Ademir da Guia pegava na bola, o estádio se acalmava" - acho q foi o Armando Nogueira

"Quem tem que correr é a bola. Eu tenho pulmão, ela não!"


"Marcar Ademir da Guia é excessivamente cansativo. Corro o dobro, tendo a impressão que ando. Ele põe o ritmo que quer no jogo. Tem táticas próprias. E deixar o adversário exausto e quase sem raciocínio é uma delas" - Clodoaldo, ex-volante.


"Se Ronaldo, Ronaldinho, Adriano e Robinho são o quadrado mágico; Pelé, Gérson, Rivellino e Ademir da Guia seriam o que então? Um quadrado perfeito? Zagallo já teve essa oportunidade e não optou, por que saberia o que fazer agora?" - Flávio Toro.


“Ás vezes Deus brinca com a gente, caso a gente faz mal-criação. Aí põe a gente pra marcar o Ademir da Guia e passamos a noite em claro. Antes e depois do jogo.” – Orlando, ex-zagueiro.

"O Ademir jogava de forma tão elegante que dava a impressão que ele não jogava de uniforme, jogava de terno e gravata".



Um poema feito pra ele:

Ademir da Guia(João Cabral de Melo Neto)


Ademir impõe com seu jogo

o ritmo do chumbo

(e o peso),da lesma, da câmara lenta,

do homem dentro do pesadelo.

Ritmo líquido se infiltrando no adversário,

grosso, de dentro,impondo-lhe o que ele

deseja,mandando nele, apodrecendo-o.

Ritmo morno, de andar na areia,

de água doente

de alagados,

entorpecendo e então atando o mais

irrequieto adversário.



Uma música feita pra ele:

O Filho do Divino(Arnaud Rodrigues)


Obrigado Domingos

Pois que deste ao mundo

Um filho Divino

Dez de ouro de lei

Do quilate mais fino

E assim quis o destino

Que as passadas do pai

O filho fosse o seguidor

Na passada sublime

Seus cabelos de fogo

São fios de vime

Ele é filho do mestre

Do mostro de um time

Que o mundo define

Como um criador

Dos verdes campos mundiais

Entre urros e gritos

Humilde rei

E seu nome entre os mitos

Eu cantarei

Força nos pulmões

Vibrem corações

Torçam com os passes

Deste Mágico Divino

Igual ao pai

Porque hoje é domingo

Ele faz o que fez

Em mil outros domingos

Ele pisa na grama

E ela fica sorrindo

E um gol explodindo

Obrigado Domingos

Por nos dar um novo Guia.




OBRIGADO DIVINO... AGRADECEMOS POR TER VESTIDO NOSSO MANTO...

Heitor, o maior artilheiro da nossa história


Heitor Marcelino Domingues, filho de espanhóis, herói dos italianos, dos brasileiros, do Palestra. Nasceu em São Paulo, no dia 20 de dezembro de 1898, nos deixou em 1972. Começou a jogar futebol aos 17 anos no Sport Clube Americano. Em 1916, com 18, chegou a Societá Sportiva Palestra Itália, onde fez e é história.

Forte fisicamente e com um poder de finalização incrivel, logo tornou-se titular absoluto. Com apenas um ano no Palestra defendeu a Seleção Brasileira, estreou com gol, em 13 de maio de 1917. Ao lado de Arthur Friedenreich, formou a dupla de ataque da Seleção na Copa América de 1919, marcou na estréia contra a Argentina e na final (não sei contra quem).

Em 1920, nos comandou ao primeiro título paulista, derrotando na final o Paulistano (de Friedenreich). No mesmo campeonato marcou seis (6, SEIS) gols na mesma partida, contra o Sport Club Internacional.

Nos anos de 1926 e 1927, tornou-se artilheiro e comandou o Palestra ao bi-campeonato paulista e estadual, além de outras conquistas como a Taça dos Campeões entre Rio de Janeiro e São Paulo, a Taça Ballor e Torneio Início.

Em 1928 conseguiu um feito notável. Artilheiro do campeonato paulista daquele ano, no intervalo entre os jogos treinava e atuava na equipe de basquete do clube, levando-a à conquista do campeonato estadual de basquete de 1928.

Em 1929 outra façanha do nosso artilheiro. Convocado para a Seleção, em um dos jogos amistosos, contra uma equipe argentina, o goleiro da Seleção se contundiu entrando Jaguaré do Vasco, que no final do jogo também se contundiu. Heitor que apesar da estatura mediana também possuia grande elasticidade, foi para o gol da Seleção e garantiu os últimos minutos de jogo sem sofrer nenhum gol da equipe argentina.Heitor jogou pelo Palestra até o final de 1931 quando fez sua despedida e retornou ao Americano onde jogou mais alguns amistosos.

Depois de encerrada a carreira tornou-se arbitro, em 1935 apitou a decisão do Campeonato Paulista de 1935 entre Santos e Corinthians. Em 1940 arbitrou também a partida inaugural do Pacaembu e a final da Taça Cidade de São Paulo no domingo seguinte.

Principais títulos:
Campeonato Paulista - 1920, 1926, 1926 (extra (?)) e 1927
Torneio Início - 1927
Taça de Campeões Rio-São Paulo - 1926

Ainda é o maior artilheiro do Palestra/Palmeiras contra o Corinthians com 14 gols.

Estreou em 12/11/1916 contra o Guarani num empate em 0 x 0, o jogo era um amistoso.

Se despediu em 20/12/1931 contra o mesmo Guarani, vitoria nossa por 3 x 1 pelo Campeonato Paulista, ele entrou no segundo tempo.

Foi artilheiro dos campeonatos paulista de 1926 (18 gols) e 1928 (16 gols).

Fez 330 partidas pelo Palestra e marcou 284 gols. Venceu 225, empatou 54 e perdeu 51.

Esse foi Heitor, ou "Ettore" como a italianada o chamava, um dos maiores atacantes da primeira fase do futebol brasileiro. Um dos maiores da nossa história. Um apaixonado pelo Palestra e pelo esporte. Foi jogador de futebol, de basquete e até árbitro. E foi também, o mais importante, o primeiro, o maior artilheiro da Sociedade Esportiva Palestra Itália/Palmeiras.

Não vamos esquecer quem nos fez ser grande. A história fez o nosso presente.

HEITOR, ETTORE, O NOSSO PRIMEIRO CESAR MALUCO, PRIMEIRO EVAIR, PRIMEIRO MATADOR.