terça-feira, 9 de dezembro de 2008

César Maluco. O maluco da Academia, do alambrado

César Augusto da Silva Lemos, doze anos de Palmeiras, 180 escaladas nos alambrados, 15 títulos, camisa 9, segundo maior artilheiro da nossa história, uma bola roubada e um parafuso a menos. Em suma, esse foi César Maluco. Ou, centroavante, matador, provocador, artilheiro, encrenqueiro, polêmico, baladeiro, maluco. Como queiram.

O segundo maior artilheiro da história da Sociedade Esportiva Palmeiras é de Niterói, nascido em 17 de maio de 1945, começou no futebol no Flamengo, considerado promessa na Gavéa, veio para o Palmeiras em 1967, mas no mesmo os cariocas o levaram de volta, Palmeiras foi e comprou seu passe. Alguém se arrepende? Talvez o Flamengo por ter ficado com Ademar Pantera (que fique claro, nenhuma crítica a ele).

A estréia aconteceu longe da sua torcida e dos, que viriam a ser, seus alambrados. Foi no Peru, em um amistoso contra o Universitário, derrota palmeirense por 1 x 0. Há 34 anos, em 06 de outubro de 1974, César Maluco vestia nosso manto pela última vez, em jogo válido pelo Campeonato Paulista, empate em 1 x 1 contra o São Paulo.

Depois jogou no Corinthians e Santos, mas essa historia nao deve e nem vale a pena ser contada aqui.

Jogou 324 partidas na Sociedade Esportiva Palmeiras, venceu 170, empatou 91 e perdeu 63. O segundo maior artilheiro do Palmeiras fez 180 gols, subiu 180 vezes no seu alambrado.

Ganhou títulos aos montes, foi campeão do Campeonato Paulista em 1972 e 1974, Taça Brasil de 1967, Roberto Gomes Pedrosa de 1967 e 1969, Torneio Laudo Natel de 1972, Torneio de Mar Del Plata em 1972 e Campeonato Brasileiro em 1972 e 1973.

César era o inverso de toda a Academia, enquanto tínhamos a classe e elegancia de Luis Pereira, Dudu, Ademir, Leivinha, a velocidade e habilidade de Nei e Edu. O nosso camisa 9 era o trombador, cabelos grandes, meio desengonçado, espalhafatoso, vibrante, o centroavante-centroavante. O que importava era o gol, nao importava como fazer, importava fazer.

O jogo cadenciado daquele time acabava quando a bola chegava aos pés de César Maluco.

Antes de jogos decisivos, importantes, César era um show a parte durante a semana, prometendo gols, provocando adversários. E o que chamava a atençao era que sempre cumpria suas promessas, principalmente contra o Corinthians, foram 14 gols em 24 jogos contra nossos rivais.

Após os gols, nosso centroavante-centroavante estufava o peito, batia no nosso distintivo e corria pro alambrado fazendo um "V" com os dedos. Não era o "V" de vitória, nem dos hippies. Era o "V" pra torcida, de "Vem pro alambrado junto comigo". Pioneiro na sua comemoração, sua marca registrada, no seu alambrado.

Um fato inusitado antes da final do Paulista de 72 teve como protagonista César Maluco. O Palmeiras recebeu uma ligação dizendo que sequestrariam nosso artilheiro. Um acontecimento tão maluco só poderia acontecer ele.Maluco, ninguem tinha duvidas que ele era, mas só o locutor Geraldo José de Almeida teve a coragem de chamá-lo assim, a alcunha se eternizou.

E um episódio só fez aumentar a certeza que César Augusto da Silva Lemos era César Maluco. Em um clássico contra o Corinthians em que venciamos por 1 x 0, tomamos o empate e formou-se uma confusão após o gols deles. César catimbou, discutiu e acabou expulso. Recebendo a ordem de Osvaldo Brandão nao titubeou, pegou a única bola da partida e a levou pro vestiário. A partida ficou interrompida por vários minutos.

Essa é uma parte da história do "Imperador do Parque", o nosso Maluco, maluco por gols, por alambrado, pelo Palmeiras e pela nossa torcida. O Maluco Beleza do Parque Antarctica.


..."Tudo que eu faço dentro de campo, faço pelo Palmeiras. É a minha obrigação, mas faço tudo o que posso, tudo. Sei que faço parte do espetáculo. Quando mais eu fizer, mais gente vai ao estádio. Já fiz de tudo, só falta eu pegar a máquina de um fotógrafo e fotografar enquanto ele comemora um gol meu. Só uma coisa faço espontaneamente: comemorar o gol. Sinceramente, quando eu vejo a torcida subir depois de um gol meu, me dá vontade de ficar comemorando para sempre. É a maior alegria de minha vida. Vejo com orgulho, muita gente hoje imitar o que faço. Agora os jogadores correm para a torcida depois do gol, antigamente não..." - César Maluco
Mais informações sobre ele aqui:

A Saga dos Imparatos. E mais um

Você ja deve ter ouvido falar do Imparato no Palestra Itália. Mas saiba que não foi um só, nem dois, foram quatro que vestiram nosso manto. Eram e são conhecidos por alguns por Imparato I, II, III e Imparatinho. E temos, digamos, um Imparato no nosso elenco atual (só vou falar no final da postagem).
Conheça os Imparatos:
IMPARATO I
Gaetano Imparato, como todos os outros irmãos, veio do Sport Club Savoia, de Votorantim. Jogou contra nós no nosso primeiro jogo da história contra o mesmo Savoia. Chegou em 1918.
Sua estréia foi contra o São Cristovão (RJ), vitória de 4 x 1, no dia 20 de janeiro de 1918. Se despediu em 12 de outubro de 1926, numa goleada de 6 x 0 sobre a Seleçao do Rio Grande do Sul.
Nos oito anos que defendeu nosso Palestra, fez 87 gols em 64 jogos.
Foi Campeão Paulista em 1920, 1926. Paulista Extra (?) também em 1926 e Honorário do Brasil (?), outro título em 1926.
O primeiro Imparato já foi um dos grandes nomes do início da nossa história, formava o ataque junto de Bianco e Heitor. Perdeu espaço e status quando Imparatinho chegou ao clube.

IMPARATINHO
Ernesto Imparato chegou ao Palestra Itália, em 1919, também jogou pelo Savoia no nosso primeiro jogo. Quando veio pro Palestra, seu irmão Gaetano já era considerado um ídolo dos primeiros anos do clube. Mas com um futebol de craque chegou a ofuscar o brilho do irmao. Mesmo sendo o segundo a vir pra cá e o com o nome no diminutivo, Imparatinho era o mais velho dentre os quatro.
Fez sua estréia em 19 de janeiro de 1919, numa goleada de 5 x 1 contra o Ypiranga. Se despediu em 11 de maio de 1930, vitoria nossa por 2 x 1, contra a Portuguesa.
Jogou 137 vezes pelo Palestra Itália e marcou 102 gols. É o 16º maior artilheiro de nossa história.
Conquistou os mesmos títulos do irmão Gaetano, campeão Paulista em 1920, 1926. Paulista Extra (??) também em 1926 e Honorário do Brasil (??), outro título em 1926.
Forte e exímio cabeçeador, jogava como um meia-esquerda, junto de Heitor. Titular absoluto enquanto vestiu nosso manto. Foi artilheiro paulista em 2 ocasiões (1921 e 1922).
Mais brilhante e mais talentoso dentre os quatro irmãos que defenderam o Palestra Itália, Imparatinho - ou “Imparatino”, como era chamado pela Imprensa da época -, foi um craque. Atacante impiedoso, marcava gols com muita facilidade e foi um dos maiores responsáveis pelas conquistas de títulos importantes.

IMPARATO II
Antonio Imparato, nas pesquisas que fiz aqui sempre é citado os quatro irmaos Imparato, mas poucas vezes (ou quase nunca) é lembrado. Não há muita coisa sobre ele, aliás quase nada. Apenas escalações que ele aparece nos anos de 1924 e 1925.

IMPARATO III
Luis Imparato, o Gino, o caçula dentre os quatro. Só chegou no Palestra Itália em 1930, após passar pelo Savóia e pelo São Bento de Sorocaba. É o mais famoso dentre eles. Nasceu em 1º de maio de 1910, faleceu em 08 de março de 1976.
Fez sua estréia em 11 de maio de 1930 contra a Portuguesa, vitoria palestrino por 2 x 1. Se despediu em 19 de novembro de 1939, empate contra o São Paulo Railway, 1 x 1.
Nos nove anos que jogou pelo Palestra, fez 106 jogos e marcou 54 gols.
Foi campeão paulista em 1932, 1933, 1934, 1936, venceu também o Paulista Extra (???) em 1938, além do Rio-SP e do Honorário do Brasil (???) em 1933.
Mais famoso membro da família Imparato a defender o Verdão, Luiz Imparato - o caçula dentre os jogadores - ficou conhecido como “Trem Blindado”, tamanha era a força e a velocidade que impunha sobre seus marcadores. Era ponta-esquerda.
Na goleada histórica contra os gambás em 05 de novembro de 1933, 8 x 0, fez 5 (há controvérsias que teriam sido 4) gols. E disse após a partida: "Foi a maior alegria da minha vida". Recebeu um conto de mil réis pelo feito (era uma fortuna). Ainda é o jogador que marcou mais gols em um jogo contra eles.
Encerrou a carreira precocemente em 1939 com problemas no joelho. Tentou ser técnico a convite de Aymoré Moreira, no Londrina, mas a saudade da familia nao deixou e voltou pra São Paulo. Trabalhou pelas ruas de São Paulo como taxista. Viveu no bairro do Belém até 1976, quando faleceu.

"IMPARATO IV"
Apesar do sobrenome ser Cortez Cardoso. O nosso goleiro reserva Bruno é da família Imparato. A saga dos Imparatos continua."É da família. Ele marcou cinco gols contra o Corinthians num jogo, já vi gravações dele que meus primos levam em festas, já vi camisas que ele usou, é muito bom ter essa história. Ele até foi citado no filme Romeu e Julieta. É muito legal essa história".

A SAGA DOS IMPARATOS.