quinta-feira, 13 de novembro de 2008

1942 à 1951. O Mundo dá voltas. O Mundo é nosso!


Na vida, o trágico pode se tornar cômico, e o cômico virar uma tragédia nunca antes vista. No futebol isso não é diferente. O que dizer de um time descendente de italianos que é obrigado por brasileiros a mudar de nome sob pena de extinção? E de uma final de Copa do Mundo no Maracanã, onde o Brasil sobre o revês do Uruguai? E que depois de um ano, aquele mesmo time representa o Brasil contra um time da Itália numa final de Mundial Interclubes?
Pois tudo isso aconteceu em menos de uma década.
Em 1942, a Società Sportiva Palestra Itália é obrigada a passar se chamar Sociedade Esportiva Palmeiras. Em 1950, o Brasil sofre a virada pro Uruguai, em pleno Maracanã, com direito a falha do ótimo goleiro Barbosa e perde a Copa do Mundo. Em 1951, aquela Società Sportiva Palestra Itália, já Sociedade Esportiva Palmeiras, dá o primeiro título mundial àquele país que a renegou menos de uma década atrás, contra um time italiano. Ironias da vida, ironias do futebol.
Pois bem, um dia a justiça e o reconhecimento viria. E o dia era 22 de julho de 1951. E não era a justiça e o reconhecimento daqueles que perderam o Mundial de seleções um ano antes, mas daqueles que perderam seu nome de batismo nove anos atrás.
Os 100 mil brasileiros no Maracanã para ver aquele final contra a Juventus de Turim nao gritavam Palmeiras, e sim Brasil. As bandeiras palmeirenses se misturavam com as brasileiras. Pouco importava o que gritavam, o que vestiam, o que hasteavam. Importava que ali, no estádio que os brasileiros perderam um Mundial, no país que aquele clube quase havia sido extinto, ele era a Sociedade Esportiva Palmeiras, não um clube italo-brasileiro ou brasileiro, era um clube do mundo. Campeão do Mundo.
Após o gol de Liminha, aquele time demorou três dias para chegar a São Paulo, tantas eram as homenagens pelas cidades que passavam. Outra ironia, há nove anos ele sequer podia entrar em campo.

O Mundo dá voltas. O Mundo é nosso.



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